Temática: Ciencia ciudadana y participativa: experiencias y metodologías
País: Brasil
Organización: Universidade Federal da Bahia
Póster
(próximamente)
Vídeo de presentación
(próximamente)
Autor(a) principal: Giovana Cerqueira
- ORCID: ORCID
- Mini biografía:
Me chamo Giovana Cerqueira, sou bacharel em Biologia pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e atualmente mestranda no programa de Biodiversidade e Evolução na Universidade Federal da Bahia. Desenvolvo um projeto de biomonitoramento participativo na comunidade quilombola de Bocaina, em Piatã, Chapada Diamantina, integrando ciência cidadã, educação ambiental e coprodução de protocolos para a preservação dos rios locais. Tenho experiência em taxonomia e sistemática de insetos, avaliação de impactos antrópicos sobre macroinvertebrados aquáticos e desenvolvimento/adaptação de ferramentas colaborativas de coleta e análise de dados para avaliação da saúde de ecossistemas aquáticos.
Palabras clave: Gestão participativa; Conflitos hídricos; Mineração
Otros autores:
-
Nombre: Freddy
Apellido: Ruben Bravo Quijano
Univesidad / organización: Universidade Estadual de Feira de Santana
País de residencia: Brasil -
Nombre: Adolfo
Apellido: Ricardo Calor
Univesidad / organización: Universidade Federal da Bahia
País de residencia: Brasil -
Nombre: Rodolfo Mariano
Apellido: Lopes da Silva
Univesidad / organización: Universidade Estadual de Santa Cruz
País de residencia: Brasil
Resumen:
A comunidade quilombola de Bocaina, no município de Piatã, Chapada Diamantina (BA), enfrenta uma série de impactos ambientais, sobretudo decorrentes da atividade mineradora, que resultou na poluição e no assoreamento de alguns rios da região. A degradação dos corpos d’água compromete diretamente a biodiversidade local. Além de afetar significativamente a qualidade de vida dos moradores, que dependem dos rios para atividades essenciais, como a agricultura familiar, o abastecimento e a subsistência. Diante desse cenário, a própria comunidade tem buscado estratégias para a compreensão, denúncia e enfrentamento dos conflitos socioambientais gerados. Uma dessas estratégias foi a parceria estabelecida com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), com objetivo de construir uma abordagem prática e eficaz que permita à própria comunidade realizar o monitoramento ambiental dos rios da região. Essa proposta se insere em uma perspectiva de fortalecimento da autonomia comunitária, reconhecendo a importância de incluir atores historicamente excluídos nos processos de gestão ambiental.
A proposta de monitoramento participativo dos rios que abastecem Bocaina foi estruturada a partir dessa parceria e está sendo desenvolvida com base em ações de coprodução do conhecimento. Entre 2024 e 2025, foram feitas quatro excursões à comunidade para a realização das atividades. Inicialmente foi conduzido o levantamento socioambiental, além de reuniões com os moradores para entendimento das demandas e percepções sobre as principais ameaças aos seus recursos hídricos. Com base nas indicações da comunidade, foram definidos três corpos d’água prioritários para o início do processo de monitoramento, os rios Bebedouro, da Barra e Mutuca, os dois últimos principais fontes de abastecimento local. A metodologia adotada envolveu a construção de ferramentas e a adaptação participativa de dois Protocolos de Avaliação Rápida (PARs), incluindo o Protocolo de Avaliação Visual dos rio de Bocaina (PAV-Bocaina) para a caracterização dos corpos d’água e identificação dos usos e ocupações das margens e o Índice Biológico da Água (IBVOL), envolvendo o uso de macroinvertebrados bentônicos como bioindicadores, que permite a análise da distribuição desses organismos ao longo de um gradiente de qualidade ambiental. Como resultado desse processo colaborativo, os dois protocolos foram adaptados com base nas necessidades e particularidades do território. O PAV-Bocaina foi simplificado e passou a incorporar questões relacionadas às propriedades organolépticas da água (cor, odor e sabor), bem como informações e ilustrações sobre o uso do solo e a ocupação das margens dos rios. Enquanto, o IBVOL incluiu nomenclaturas utilizadas pelos moradores e fotografias de organismos ocorrentes na região, facilitando a identificação em campo. Além da adaptação metodológica, foi realizado um curso de capacitação intitulado “Biologia com Feijão” voltado à comunidade, contribuindo com bases teóricas e práticas para a construção e futura implementação do biomonitoramento participativo. A iniciativa contribui para fortalecer a autonomia da comunidade e para a construção de uma série histórica de dados ambientais.
Esses encontros funcionaram como espaços de troca de saberes e validação das ferramentas propostas, cidadãos engajados e informados, como a comunidade quilombola de Bocaina, tornam-se, assim, agentes fundamentais na conservação dos serviços ecossistêmicos oferecidos pelos corpos d’água de sua região.
Referencias bibliográficas:
- Amorim, M., Cardel, L., & Queique, A. (2023). Conflitos socioambientais na Chapada Diamantina, Bahia: Mineração e comunidades quilombolas. 21° Congresso Brasileiro de Sociologia. Universidade Federal do Pará. Disponível em: https://www.sbs2023.sbsociologia.com.br/arquivo/downloadpublic?q=YToyOntzOjY6InBhcmFtcyI7czozNToiYToxOntzOjEwOiJJRF9BUlFVSVZPIjtzOjQ6IjU0MjIiO30iO3M6MToiaCI7czozMjoiYWRhMzUzYWQ3ZTNjMzhhM2Y0MjQ0ZDJkZWYyNjc5ZjYiO30%3D. Acesso em: 13 ago. 2025
- Barbour, M. T., Gerritsen, J., Snyder, B. D., & Stribling, J. B. (1999). Rapid bioassessment protocols for use in streams and wadeable rivers: Periphyton, benthic macroinvertebrates and fish (2ª ed., EPA 841-B-99-002). U.S. Environmental Protection Agency, Office of Water. Disponível em: Rapid Bioassessment Protocols for Use in Streams and Wadeable Rivers: Periphyton, Benthic Macroinvertebrates, and Fish - Second Edition | Bioassessment | US EPA. Acesso em: 13 ago. 2025
- Callisto, M., Ferreira, W., Moreno, P., Goulart, M. D. C., & Petrucio, M. (2002). Aplicação de um protocolo de avaliação rápida da diversidade de habitats em atividades de ensino e pesquisa (MG-RJ). Acta Limnologica Brasiliensia, 14(1), 91–98. Disponível em: https://jbb.ibict.br/handle/1/708. Acesso em: 13 ago. 2025
- França, J. S., Solar, R., Hughes, R. M., & Callisto, M. (2019). Student monitoring of the ecological quality of neotropical urban streams. Ambio, 48, 867–878. https://doi.org/10.1007/s13280-018-1122-
- Hannaford, M. J., Barbour, M. T., & Resh, V. H. (1997). Training reduces observer variability in visual-based assessments of stream habitat. Journal of the North American Benthological Society, 16(4), 853–860. https://doi.org/10.2307/1468176
- Rodrigues, A. S. L., & Castro, P. T. A. (2008). Protocolos de avaliação rápida: instrumentos complementares no monitoramento dos recursos hídricos. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, 13(1), 161–170. Protocolos de Avaliação Rápida: Instrumentos Complementares no Monitoramento dos Recursos Hídricos - ABRHidro - REVISTAS - RBRH
- Santos, J. P., & Ramos Filho, H. A. (2024). Lavra atroz: Caracterização dos impactos ambientais da mineradora Brazil Iron em Piatã, Chapada Diamantina – Bahia. Revista de Geografia (Recife), 41(2), 78–91. https://doi.org/10.51359/2238-6211.2024.260839
- Strasser, B., et al. (2018). “Citizen science”? Rethinking science and public participation. Science and Technology Studies, 32(2). “Citizen Science”? Rethinking Science and Public Participation | Science & Technology Studies